2004-06-23

As últimas discussões sobre o tema / Die letzten Diskussionen über das Thema  

 

Exmo. Sr. Dr.

 

não sei se leu o pequeno texto sobre a GNR na página. Nos últimos tempos vários soldados da GNR cometeram crimes no exercício da sua actividade policial (o que não exclui que também possa haver irregularidades na PSP, PJ etc.); na maior parte das vezes foram maltratadas pessoas inofensivas. O problema é, a meu ver, o seguinte:

• muitos dos soldados da GNR são pessoas que não conseguiram encontrar outra profissão na vida; pessoas sem ou pouco nível educativo; são pessoas que, quando têm uma arma bolsa, sentem-me como seres superiores que podem “mandar” no cidadão. Eu sei que o 25 de Abril foi há relativamente pouco tempo, mas temos – nós os cidadãos – de mostrar que não suportamos esta situação que me faz lembrar o fascismo e não o estado de direito em que vivemos actualmente.

• parece-me que a própria formação dos soldados é medíocre (informei-me em Lisboa sobre o curso);

• em Portugal (não é assim por ex. na França e Alemanha e noutros países) uma parte dos cidadãos tem medo da GNR; isto justifica que algo tem que mudar.

 

O objectivo é o seguinte:

é necessário que as pessoas, jornais, televisão etc. falem livremente sobre este problema. A divulgação, ou seja, tentar conversar com outras pessoas sobre este problema é o meu objectivo.

 

Eu nunca fui maltratado pela GNR, mas infelizmente fui testemunha. Falo aqui principalmente da GNR que actua no Algarve, região onde vivo. As noticias quotidianas mostram que o problema não se restringe ao Algarve. 

 

È claro que você pode ter outra opinião: Gostaria de conhece-la! (com fundamentos)

 

Com os melhores cumprimentos

  

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Exmo. Sr. Dr.

  

eu não lhe entendo bem, talvez por não ter os conhecimentos históricos que me tenta transmitir. Mas como já lhe disse e como sabe, houve e há irregularidades principalmente na GNR. È evidente que a GNR não põe em causa o nosso estado de direito, mas o poder executivo policial é o poder que mais afecta o cidadão nos seus direitos fundamentais (principalmente: integridade física!) quando se abusa dele. E por isso temos que observa-lo criticamente.

 

Penso que a GNR tem de ser reformada drasticamente.

 

1) O cidadão e a GNR

Os agentes da GNR que entram diariamente em contacto com os cidadãos designam-se por Soldados – “força de segurança constituída por militares organizados num corpo especial de tropas”. Soldados actuam em estado de guerra e outras situações semelhantes. Como cidadão não quero ser confrontado com soldados no meu dia-a-dia. Já estive em alguns postos da GNR e é interessante por ex. de ver que na mesa do Sr. Sargento ou Cabo se encontram canhões e outras máquinas de guerra em miniatura a fazer exposição. Isso não me faz lembrar um estado de direito desenvolvido como na maior parte dos países da Europa.

2) A formação

Devia-se examinar se é possível apenas deixar entrar para GNR pessoas com o 12° ano de escolaridade, se a GNR continuar a tomar um tão importante papel como actualmente. A formação é importantíssima para um bom funcionamento do poder policial. Devia-se comparar por ex. a formação da polícia na Alemanha que é um ou talvez o país europeu mais adiantado nesse aspecto.

3) Alguns acontecimentos pessoais

- Queria fazer uma queixa por via fax; o soldado ao telefone primeiro respondeu que não seria possível fazer uma queixa por via fax e depois afirmou que não conhecia o número de fax do posto;

- Um veículo de um amigo foi confiscado pela Guarda por 1 ano, sem que ele recebesse um documento que provasse tal apreendimento;

- Cinco estrangeiros fizeram barulho num bar à noite e começaram a andar à pancada. A GNR chegou ao bar e bateu nos estrangeiros para eles se afastarem do sítio sem que houvesse uma situação de perigo para outras pessoas ou de legítima defesa.

- Um amigo estava embriagado num bar e quando 7 soldados com metralhadoras na mão chegaram ao bar para lhe fazerem uma vistoria, o tal amigo bêbado gritou “Porra, a guerra chegou!” De seguida bateram com as metralhadoras no corpo do Senhor. O ofendido foi levado para o posto dentro do Jeep. Ele foi maltratado com pancadas durante a viagem. Quando esteve, por várias horas, dentro do cativeiro pediu por água e um cigarro. A GNR recusou-se.

- No parque natural da costa vicentina e do sudoeste alentejano é proibido acampar. Alguns turistas acampam à mesma. A GNR chega às 7 horas da manhã à praia e vê tendas na praia. Como gosto de ir à pesca estive varias vezes na praia a essas horas da madrugada. Sabe o que a GNR faz? Com os cacetes bate nas tendas até elas caírem em cima das pessoas que estão a dormir. Penso que não é preciso de dizer mais nada.

 

Esta realidade não pode ser justiçada com argumentos históricos. Ela é um produto da história. E é esse produto que tem de ser aperfeiçoado pela futura historia que esta nas nossas mãos.

 

Um abraço,

 

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